quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

10 Considerações sobre a mudança de casa

É verdade: mudei de casa. Nove meses depois, excluí-me da lista de pessoas que moram em menos de 30 metros quadrados e que dormem na cozinha e cozinham no quarto. Fi-nal-men-te!

Posto isto, algumas considerações sobre a mudança:
  1. Os sacos azuis do Ikea são os meus melhores amigos e os caixotes para mudanças são tão last season;
  2. O meu primeiro contacto com uma vizinha consistiu no seguinte: expliquei-lhe que era portuguesa, respondeu-me perguntando num Espanhol péssimo se estava a fazer as limpezas do prédio;
  3. Ter luzes no teto dos quartos é uma coisa que, aparentemente, não assiste os franceses - continuo a fazer festas na parede, à procura de um interruptor que não existe;
  4. Não faço mais nada senão cozinhar e lavar roupa em casa - há que tirar a barriga da miséria;
  5. É possível chamar o J. e ele não me ouvir, porque está noutra divisão (awesome!!!);
  6. Se um dia a vida me pregar uma partida, dedico-me a montar móveis do Ikea como profissão - sou realmente boa nisso;
  7. Nunca mais cheguei atrasada ao trabalho;
  8. Estou a manter uma tradição - os antigos moradores desta casa eram portugueses;
  9. Descobri, já depois de ter assinado o contrato, que tenho vista para a Torre Eiffel (parcial, mas still);
  10. Sou oficialmente recenseada em França, o que me vai permitir ser contabilizada nos pacotes de açúcar que dizem "Bom Dia" aos emigrantes portugueses.
Resumidamente, é isto. Hei-de voltar com mais um capítulo, que inclua a chegada do sofá e a experiência de ver televisão dobrada em Francês. Lá chegaremos...


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Voltar


É demasiado fácil habituarmo-nos ao que sabe bem. Desabituar-nos, por outro lado, já é toda uma outra conversa.

Em menos de uma semana, voltei a assumir como normal passar os dias (ou as noites) rodeada de pessoas que adoro. Deixei de ir direta do trabalho para casa, como quase sempre acontece, para voltar a sentir aquele conforto do que nos é mais querido, do que, durante muito tempo, foi a minha noção de normalidade.

Numa rasteira ao destino (e à Geografia), voltámos a estar as quatro juntas, como nos bons (nos melhores!) velhos tempos. A nunca deixar de ter tema de conversa. A, mesmo sem querer, escrever mais um ou dois capítulos no nosso diário das figuras ridículas. A relembrar o incrível que é pessoas tão diferentes como nós se terem encontrado umas às outras e ficado, até hoje.

Esperei pela semana passada como espero por muito poucas coisas. Foi ainda melhor do que poderia prever. Foi perfeita, mesmo com o termómetro a marcar temperaturas muito pouco amigas de quem vem lá do retângulo à beira mar (e muito menos do Brasil!).

No final, que chegou demasiado depressa, invadiu-me um enorme sentimento de perda. Aquela amargura e nostalgia que só se sente em relação a momentos e pessoas realmente especiais.

Mas valeu a pena voltarmos. À exceção da nossa dispersão pelo mapa e do facto de as nossas "festas do pijama" já não envolverem terminar trabalhos de grupo para o dia seguinte, nada mudou. Somos as mesmas pessoas, individualmente e no nosso quarteto fantástico. E não há nada mais reconfortante do que isso, nem melhor forma de começar o ano!