sábado, 5 de dezembro de 2015

Num piscar de olhos

(...)E depois veio o 13 de novembro, que me deixou num estado pior do que gosto de admitir. Depois, tive cá o D. e a A. e, na semana seguinte, veio a C. Ao mesmo tempo, o volume de trabalho aumentou no pré-Natal e regressei às aulas de Francês.

Num piscar de olhos, passou-se um mês, o meu relato de NYC ficou a menos de meio e tenho a sensação de que essa que foi, muito provavelmente, a viagem da minha vida aconteceu há séculos. E se, no ano passado, adjetivei novembro de "insonso", este ano foi, definitivamente, um mês repleto de "eventos".

E, assim de repente, é Natal!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

NYC: Dias 1 e 2

Dia 1

Chegámos numa terça-feira ao final da tarde, mas com toda a intenção de fazer esse dia contar. Entre sair do aeroporto de Newark e chegar a Manhattan, tinha anoitecido. O momento em que emergimos de Penn Station foi algo surreal: de repente, parecia ser de dia, tal era a luz daquela cidade. Caminhámos dali até ao apartamento, nuns dez minutos que foram de fascínio e de incredulidade. Estávamos mesmo ali!

Depois de feito o check-in e de deixarmos as malas, não perdemos tempo: Empire State Building, aqui vamos nós! Pelo caminho, aventurámo-nos com uma fatia de pizza por $1, só para fins estatísticos. Sobrevivemos e era bem boa!


No Empire State Building tivemos mais uma surpresa: o staff era estupidamente prestável e a entrada foi ridiculamente rápida e simples. Um bom começo, se esquecermos, depois, o frio polar que nos esperava no topo.


Para terminar a jornada e aproveitar a noite, decidimos que Times Square era o próximo destino. Fica a uma distância bastante reduzida do ESB e do apartamento onde ficámos, por isso era só caminhar e respirar o ar e a energia daquela cidade.

Dia 2


Acordámos bastante cedo (sem despertador!), com a determinação de fazer o tempo esticar e não perdermos nada. Seguimos para Battery Park, onde apanhámos o barco para a Estátua da Liberdade. O tempo não correspondeu ao nosso estado de espírito e a chuva não demorou muito a aparecer. Conclusão: seguir diretamente para Ellis Island e aproveitar o Museu da Imigração para restabelecer a temperatura e evitar acabarmos ensopadas.


Esta sala foi a minha parte favorita do museu. Era aqui que os imigrantes eram processados, aceites ou rejeitados. Entretanto, foi recuperada e é um espaço muito giro e, embora este não seja um bom exemplo, bastante fotogénico. Acreditem, nós testámos exaustivamente!


À saída de Ellis Island, tivemos de nos render ao mau tempo. A chuva tinha chegado para ficar e não havia muito que pudéssemos fazer. Seguimos, então, para a zona do Financial District, com uma missão importantíssima: fotografar o touro para o André. E não é que o raio do animal foi difícil de encontrar? O processo quase nos valeu uma pneumonia, mas fazemos tudo para vê-lo feliz.


Aproveitando o facto de andarmos pela parte sul da ilha, o 9/11 Memorial Museum era o próximo ponto no nosso programa. Sobre a visita só tenho a dizer que foi absolutamente impressionante e arrepiante. É um retrato realista e preciso dos eventos daquele dia e uma bonita homenagem às vítimas e, de um modo geral, a todos os envolvidos. A não perder, mesmo!

Depois do Memorial e - vá-se lá saber como - ainda com pica para continuar, passámos pelo Chelsea Market, que nos lembrou que o Halloween é levado muito a sério em Nova Iorque. Enquanto esperávamos na paragem de autocarro, conhecemos uma brasileira que acabou por fazer a viagem connosco. Long story short, o bacalhau e a Costa Alentejana vieram, inevitavelmente, à baila.

E pronto, foi assim o início da nossa estadia: bem aproveitado e recheado, mesmo com um céu pouco amigável. No dia seguinte, já ninguém se lembrava que tinha chovido!



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

NYC: Planeando que nem Loucas

Agora, que já fomos e voltámos inteiras, já posso falar à vontade.

Quem me conhece, sabe que sempre disse que um dia ia viver em Nova Iorque. Acabei em Paris - ligeiramente diferente -, mas escapei-me para a Big Apple por uma semana, mesmo a tempo de celebrar os meus 25 anos. Por outro lado, quem me segue nas redes, já percebeu pelo meu overposting que foi a viagem da minha vida. Também, depois de quase um ano a planeá-la, convinha que fosse!

Depois de muita conversa, de muito "temos mesmo de ir" e de um definitivo "vamos!", marcámos as passagens com 7 meses (sim, 7!) de antecedência. Bom timing, viemos a concluir, pois coincidiu com as promoções de aniversário da Tap.

Pouco depois, dedicámo-nos à procura exaustiva de um apartamento, que, percorridos dezenas de anúncios em diversos sites, acabámos por encontrar no Homeaway. Também aqui tivemos sorte e conseguimos um preço bastante decente e uma localização ainda melhor.

A partir daí, foi planear, planear, planear! E não há nada que eu goste mais - depois de viajar - do que planear viagens. Listámos tudo o que queríamos visitar/fazer/experimentar, fomos organizando por dias e encaixando os vários elementos. Comprámos, também com alguma antecedência, o CityPass, que nos poupou bastante tempo e dinheiro e nos deu acesso a quase tudo o que queríamos visitar e exigia bilhete.

O passo seguinte foi fazer uma espécie de orçamento, para perceber quanto iríamos gastar e quanto dinheiro precisaríamos de trocar. Optámos por fazê-lo diretamente num balcão do banco, por ser seguro e não ter grandes custos. Tendo tudo listado e esmiuçado, lá tratámos de ir buscar os nossos dólares e, assim, cumprimos a última etapa do planeamento.

Depois disso, foi partir! Mas isso fica para um próximo episódio...

sábado, 3 de outubro de 2015

Estava na hora

Em Paris há um ano e meio, esta semana foi, finalmente, a do meu regresso às aulas. Não há cá mais adiar, dizer que não preciso e inventar desculpas... A Sarinha está de volta à escolinha e promete portar-se bem!

"Escola de quê?", perguntam-se, neste momento, os meus largos milhares de leitores. E eu respondo: escola de línguas, para um ano de aulas de Francês. Inscrevi-me, fiz o teste, aferi o meu nível, fui à primeira aula e até já tenho TPCs!!

Devo confessar que a melhor parte foi encomendar os livros e ir à Fnac comprar "material escolar". Foi toda uma nostalgia a apoderar-se de mim quando percebi que, uns dez anos depois, ainda se vendem as mesmas borrachas da Maped, tipo x-ato vermelho e laranja, como eu tinha na escola. Acho que, quando receber os livros e começar a encaderná-los, ainda vou verter uma lagrimita.

E pronto, c'est tout pour aujourd'hui. Vou fazer os devoirs, que não quero fazer má figura à frente dos meus novos colegas de turma! À bientôt!

domingo, 13 de setembro de 2015

Sobre a Madeira *suspiro*

Sobre a Madeira: foi demasiado bom. Uma semana de vida fácil, rodeada de mar, de cabelo salgado e havaianas nos pés. Uma semana de amigos, barriga cheia e vistas de cortar a respiração.

Foi a minha segunda visita à ilha, 5 anos depois e em circunstâncias completamente diferentes - as minhas e as da Madeira. E se, mesmo com o caos ali provocado no fatídico 20 de fevereiro de 2010, já tinha voltado apaixonada, agora estou pronta para me por de joelhos e fazer a pergunta.

Fazia-me falta aquele azul todo, em todo o lado, de qualquer ângulo, de qualquer ponto. Paris é uma cidade bonita e lálálá, mas é cinzenta, monótona e um pouco claustrofóbica. Fazia-me falta o simples ato de ir ao café ou jantar com amigos e ficar na conversa, sem dar pelo tempo passar. Depois de mais de vinte anos a assumir isto como pedra basilar de uma cultura, não é fácil desacostumar.

Resumidamente: foi MESMO bom! Não sou de tirar semanas inteiras de férias - dois ou três dias, a juntar a um fim de semana, são normalmente a minha fórmula, para fazer render e para não custar tanto a voltar. Desta vez, mais do que de costume, custou a voltar, mas valeu TANTO a pena...!

E, mais importante que tudo, consegui o meu bege 04. Sim. Eu. A sério.

Estas vêm emprestadas do meu instagram:

terça-feira, 28 de julho de 2015

Squats & Gossip Girl

Se tivesse de resumir o meu dia a dia em três palavras, neste momento, seriam as do título deste post. Se não estão a perceber a relação, eu explico: são as duas principais formas com que tenho ocupado o meu tempo, depois do trabalho.

Sendo, por natureza, preguiçosa, não gosto, no entanto, de ser sedentária. Após algumas tentativas de manter uma rotina de corrida, a coisa nunca pegou como deve ser e voltei sempre ao mesmo sítio: o sofá. Agora, ao estilo AA, posso finalmente dizer que estou ativa há um mês e meio (não tenho a moedinha, mas tenho testemunhas!).

Nem tudo resulta, como é óbvio, para todos e há que encontrar o que resulta para nós. Para mim, é fazer as minhas figuras em privado, seguindo planos de exercício em vídeo, no conforto da minha sala. Aqui, posso suar e ficar desgrenhada à vontade, usar roupa feia e que não combina sem qualquer complexo, enquanto revejo Gossip Girl (o mês passado foi Sex and the City) na televisão.

Há rotinas que são boas, há séries que têm de ser revistas e há maus hábitos que podem ser combatidos assim como quem não quer a coisa (ou seja, com velhos hábitos). E depois é toda uma pesquisa que estou a fazer para chegar a Nova Iorque super bem informada, claro.

Publicada por @sara__vicente a

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Roma, a despretensiosa

Roma foi tudo o que esperava e ainda mais. Foram quatro dias num mundo totalmente diferente, envolvidas numa inexplicável sensação de felicidade e despreocupação, como se a vida fosse fácil, se não a tornássemos nós difícil. Em Roma, as pessoas são mais bonitas, a comida sabe melhor e não há recanto que não mereça ser fotografado.

Em Roma, tudo menos passar fome. E sede.

Andámos mais de 50 quilómetros a pé, provámos vários ícones da gastronomia italiana, acenámos a estranhos parados em semáforos nas suas vespas, fizemos sessões fotográficas com fracos resultados em tudo quanto era sítio e vimos o papa. Vagueámos, ao acaso e nem tanto, usámos coroas de flores, recebemos um beijo na mão do caixa do supermercado e fomos enganadas por um vendedor de flores. Fomos felizes.

Gostava de ter escrito este texto mais cedo, com a memória fresca e o sorriso na cara que aquela cidade me deixou. Voltei com a convicção de que aquele lugar poderia muito bem ser a minha casa e que, mesmo com tudo o que Paris tem de belo e impressionante, aquela Roma simples e despretensiosa dá-lhe quinze a zero, num piscar de olhos. Quem sabe, um dia...?

Algumas fotos, das centenas que tirei:

A nossa rua, em Trastevere, o bairro mais bonito da cidade.
A imponência do Coliseu, vista de fora e de dentro.

A Piazza Navona, num final de tarde.
O Fórum Romano, uma das primeiras surpresas que tive.
Um passeio pela Villa Borghese, depois do almoço na Piazza del Popolo.
Vista da Praça de São Pedro, a partir da Basílica.
Vista sobre Roma, a partir do Palatino.
O Vittoriano - Monumento a Vítor Emanuel.
Uma das últimas fotos, na despedida, com a agatxigibaba. <3

domingo, 14 de junho de 2015

Partidas & Chegadas

A minha semana de férias em Portugal consistiu em bifanas, Santos, caracóis, praia, amigos, choco frito, spa, gelados, família, cozido à portuguesa e imperial. (Tinha de por aqui umas coisas pelo meio para atenuar a preponderância da gastronomia.)
O meu regresso a Paris consistiu em quase 40 minutos à espera da mala no aeroporto.

Mas é bom chegar a casa. Lá e cá.

A felicidade pós-caracóis e choco frito na Costa

Os pintainhos acabados de nascer da "quinta" do Sr. Panças

A Baía de São Martinho, que parece mais bonita com lente de emigrante

A tarde de spa com a mommy, "porque ela merece" (e eu também!)

A Praia da Morena, que me proporcionou o meu bege 02.

O mar da Foz do Arelho, num passeio revivalista com o Sr. Panças

O gelado mais generosamente servido da minha vida

sábado, 23 de maio de 2015

Cenas que me ocorrem assim de repente

Deparada com um fim de semana de quatro dias e sem planos para ocupá-lo, acabei por ir parar à pergunta do costume: e se fosse a Portugal? Pouco depois, tinha férias e o voo marcados, sem pensar muito mais nisso.

É claro que decisões de última hora têm imenso potencial para correr mal e eu não demorei muito a perceber isso. Acabei por vir a saber que um dos meus irmãos e a minha mãe não iam estar lá durante grande parte da minha estadia. Merda!

Agora, passado o choque e recuperado o entusiasmo, lembrei-me de três razões que, por si só, anulam todos os precalços:

  • A época do caracol está, oficialmente, aberta e quem acha que a França é o país dos escargots não sabe, certamente, do que fala;
  • Está aí o aquecimento para os Santos e eu já tenho saudades de poder pagar uma imperial com apenas uma moeda;
  • A praia é uma cena que existe mesmo e o verão também, embora em Paris ambos não passem de meras lendas urbanas.

Posto isto, resta-me rezar aos deuses dos aviõezinhos para que a Tap não passe nenhuma rasteira e, de acordo com a minha countdown app, daqui a 12 dias, 5 horas e 39 minutos, hei-de estar a chegar a Lisboa.

domingo, 17 de maio de 2015

Televisão francesa in a nutshell

A televisão francesa é a coisa mais diversificada e inovadora que já vi. Se não acreditam, ora atentem nestes quatro programas (selecionados de forma completamente aleatória pelo nosso sistema):

1. Les Reines du Shopping
(As Rainhas das Compras)
Para os menos atentos, já falei deste programa aqui. Resumidamente, é um concurso semanal em que cinco mulheres recebem um tema e vão às compras. Todas avaliam os outfits umas das outras e, no final, a que tiver a melhor pontuação ganha €1000. Mind-blowing, I know!

2. Un dîner presque parfait (Um Jantar Quase Perfeito)
Num registo totalmente diferente, este programa consiste num concurso em que cinco pessoas se recebem umas às outras e preparam um jantar para os restantes. Todos se avaliam e - guess what?- quem tiver a melhor pontuação ganha €1000.

3. Bienvenue au Camping (Bem-Vindos ao Parque de Campismo)
Este inova logo nos participantes: em vez de cinco pessoas, são quatro pares. Estes pares são proprietários de parques de campismo e vão dormir aos parques uns dos outros, avaliando-os No final - estão sentados? - quem tiver a melhor pontuação ganha €3000. Esta é que vocês não esperavam!

4. Tous les couples sont permis (São Permitidos Todos os Casais)
Também muito original, este tem quatro casais, que tentam provar que têm as melhores relações. Cada dia, uma das mulheres apresenta o seu namorado/marido/whatever e são postos à prova pelas outras. Sim, adivinharam: todas avaliam os outros casais e ganha quem tiver a melhor pontuação. O prémio? Um maravilhoso fim de semana romântico.

Como poderão concluir, todos estes programas têm a receita para um final perfeito, todas as semanas: jogadores que querem ganhar o dinheiro e que, para tal, vão sempre tentar queimar os outros. Discussões, lágrimas, frustração e caras de felicidade falsa por terceiros... aaahhh, quem é que precisa da Casa dos Segredos?!

domingo, 3 de maio de 2015

Run with a view

Quando estava a morar em Versailles, uma das coisas de que mais gostava era do facto de viver ao lado do palácio. Fazer daqueles jardins maravilhosos o meu ginásio ao ar livre era um enorme privilégio e sair de casa para pedalar uns quilómetros soava mais a passeio turístico do que a exercício físico. Ora, para uma pessoa desesperadamente ligeiramente preguiçosa como eu, esse fator era quase determinante.

Quando mudei de casa, tive realmente pena de deixar isto para trás; embora continuasse a ser vizinha de um grande espaço verde*, nunca seria a mesma coisa. Ou seria?

Depois de mais de um mês de pura inércia (e de 5 temporadas de Community vistas em menos de duas semanas), hoje baixou sobre mim uma vontade de voltar ao ativo. Atravessando a estrada, lá fui eu para o sítio do costume mas, desta vez, com uma mudança de rota dentro das intermináveis opções de trilhos do parque.

E foi então que o karma presenteou a minha força de vontade com isto:







Fotos tiradas com o telemóvel. Não se pode pedir muito.

Nada mau, hein?

* que dá pelo nome de Parc de Saint-Cloud/Domaine National de Saint-Cloud.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Good old days

Tenho saudades de quando não percebia Francês o suficiente. O metro parava a meio de um túnel, as luzes piscavam e eu fingia, com a maior naturalidade do mundo (pelo menos, na minha cabeça), que não reagia ao que quer que seja que anunciavam ao microfone porque estava de phones e era demasiado cool para me importar. Nisto, procurava sinais em outros viajantes, para saber se devia começar a enviar mensagens a avisar que estava atrasada ou a despedir-me do mundo.

Aaahh, bons tempos! Agora, que percebo quando anunciam que "o funcionamento do Tram está temporariamente interrompido porque há alguém no meio da linha e estão a aguardar a intervenção da polícia" (sim, praticamente fluente, je sais), volta-se-me a subir aquele nervoso miudinho, começo a olhar obsessivamente para o relógio e o meu dia está, praticamente, arruinado.

De facto, a ignorância, por vezes, é uma bênção...

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Assim, sim!

Fotos +/- aleatórias retiradas do meu Instagram

Não adoro Paris no inverno. Aliás, ainda não decidi se, de um modo geral, adoro Paris, mas isso fica para outro capítulo. Como ia a dizer, não adoro Paris no inverno: é cinzenta, triste, nublada, despida, quase estéril.

Fora a emoção de sair de casa com -5º para ir trabalhar, equipada com três pares de collants por baixo das calças, e de ocasionais quedas de neve que, para o comum dos mortais, são absolutamente irrelevantes, é uma estação que, aqui, não é digna de grandes relatos e memórias.

Já a primavera - senhores - a primavera é como uma extreme makeover que acontece: céu azul, excelente background  para as fotos do Instagram; árvores em flor, perfeitas para combinar com o já mencionado céu azul; e pessoas com uma humanidade recuperada, com as faces ligeiramente rosadas e a expressão subitamente bem mais afável.

E depois há o picnicar, o substituto direto (fruto das circunstâncias) do tão português esplanadar. Não há jardim que não seja tomado de assalto, nem alma que se continue a confinar às paredes do escritório. É chegar a hora de almoço e assistir aos prédios esvaziarem-se e às "carreirinhas" de formigas a encaminharem-se para a extensão de relva mais próxima.

Gosto desta faceta parisiense, desta veia mais despretensiosa e menos planeada. Gosto dos fatos e gravatas misturados com sanduíches e pernas à chinês; das mantas improvisadas e dos sapatos de salto temporariamente postos de lado. Tivéssemos nós hora de sesta obrigatória e acho que me decidia imediatamente quanto à dúvida ali do primeiro parágrafo...!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Chegar a abril e...

...perceber que, além de se perspetivar uma odisseia burocrática com a versão francesa, ainda tenho de fazer o IRS de Portugal. Por pouco mais de dois meses que trabalhei em solo luso em 2014, deveria funcionar do género: não pagas, não recebes, let's call it even!

Acham que o Passos e companhia lêem o meu blogue?

sexta-feira, 27 de março de 2015

5 Coisas que mudam ao sair de Portugal

Decidi fazer a minha própria versão/adaptação deste artigo, do ponto de vista de uma portuguesa a viver em França. Mas, quer-me parecer, isto aplica-se a muitos outros países de chegada.

1. O nosso nome torna-se, subitamente, super interessante
Aparentemente, ter dois (ou mais) apelidos é algo nunca antes visto e não ter segundo nome é praticamente um sacrilégio. Acrescentem-lhe as pronúncias exóticas por parte de estrangeiros e, subitamente, o vosso nome tem imenso potencial e pinta.

2. Levantar dinheiro pode transformar-se numa verdadeira odisseia
Para quem está habituado ao sistema Multibanco, com ATMs em tudo quanto é sítio, e a ter um banco por cada 1000 habitantes (tipo na Benedita), ir viver noutro país exige um planeamento cuidadoso das despesas que exigem pagar em dinheiro. O risco de precisar desesperadamente dele e não encontrar uma caixa é ridiculamente elevado. PS: também ainda se usa cheques.

3. O Português de Portugal perde a identidade
Se me pagassem 50 cêntimos por cada vez que tenho de explicar que não, não é praticamente igual ao Espanhol, e não, não é o mesmo que no Brasil, já tinha comprado uma ilha perdida no Pacífico. Outros comentários incluem: "parece Russo Espanhol ou Polaco Espanhol" e "todas as palavras acabam em «-che»".

4. O valor que damos à sopa aumenta exponencialmente
Mesmo para quem, tendo escolha, antes optaria por não comê-la de todo, a ausência quase total de sopa nos menus desta terra faz com que esta se torne objeto de grande desejo. A abertura de uma "Loja das Sopas" aqui seria o acontecimento mais inesperado de sempre.

5. Ir ao supermercado passa a ter horário
Esqueçam as idas ao Continente do Colombo às 23h, ou as compras para a semana feitas aos domingos. O mesmo se aplica a quase todo o comércio, na realidade, com centros comerciais a fecharem às 20h e restaurantes encerrados ao domingo. Mas quem é que no seu perfeito juízo vai querer comer fora a um domingo?!

Algum destes pontos vos soa familiar?

domingo, 15 de março de 2015

Toda uma esquizofrenia climatérica

Gosto de pensar em fazer a mala com alguns dias de antecedência. Fazê-la, efetivamente, já é outra história, mas gosto de planear o que quero/preciso ou não de levar para não acabar a sofrer as consequências de mais um episódio de overpacking.

Agora a minha questão é:
Se em Paris ainda faz frio de inverno (embora tenha havido uma ameaça de primavera que durou 2/3 dias), em Lisboa, segundo dizem, já parece quase verão, e vou passar um fim de semana para os lados da Serra da Estrela, como é que ponho isto tudo na minha singela mala?

Não é fácil!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Não existem relações perfeitas

A nossa relação é relativamente recente. Já tinha ouvido falar imenso dela, mas nunca passou disso mesmo: um nome que se ouve e uma fantasia que se cria. Ainda não tem um ano que, finalmente, nos conhecemos pessoalmente. Numa situação em que as opções eram escassas, estendeu-me a mão e eu fui.

Voei pela primeira vez pela Tap em maio do ano passado. Para quem tinha um passado que se resumia a companhias low cost, posso dizer que me senti, desde logo, arrebatada. (Dêem-me revistas em português e um bom empadão, e eu rendo-me logo.)

Mas, da mesma forma que me deixei conquistar por ela, também acabei por me desiludir. Em outubro, uma greve que me fez perder 10 anos de vida nos 60 segundos que demorei a ler o e-mail; em dezembro, outra que quase me fez jurar um "nunca mais!".

Tem sido, de facto, uma relação cheia de altos e baixos, muitas ameaças de break up e outras tantas reconciliações emocionadas. Eu chateio-me, bato o pé e prometo nunca mais voltar. Ela pede desculpa, fala-me ao telefone com voz doce e não desiste enquanto não me vir novamente satisfeita.E nisto, eu vou dando mais e mais oportunidades, à espera que ela mude.

Dentro de algumas semanas, encontramo-nos novamente e, com o histórico recente, só espero que não seja desta que bato com a porta para sempre.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Faz sentido

Ando a pensar pagar uma viagem a Portugal maioritariamente para ir buscar champô e máscara para o cabelo.

Isto porque:
Estou em Paris. A marca dos produtos é Purah Paris. Não existe, aparentemente, em Paris.

O que é que não bate certo aqui?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Definitivamente no bom caminho

Comprei uma televisão, sob o pretexto de precisar de ouvir mais Francês e assim aprender qualquer coisa. Já me tinham dito que ver o noticiário podia ajudar imenso, e para por legendas e toda uma série de truques e dicas para tirar o máximo proveito da coisa.
No primeiro dia, foi o que fiz: escolhi um canal generalista, pus legendas tipo teletexto e 'bora lá dominar le français! Tudo muito bem, isto pode resultar, estou super motivada e já me sinto a carregar nos érres.
Só que depois, num breve momento de zapping, cruzei-me com Les Reines du Shopping e a minha vida mudou para sempre. É o tipo de programa super inútil inovador que eu gosto de ver: 5 concorrentes que vão às compras com um determinado tema e budget, e que disputam o título de "Rainha das Compras" e um prémio de 1000 euros. Digno de Emmy, basicamente.
Portanto, de notícias não sei nada, mas termos relacionados com moda e afins já sou fluente! E, melhor ainda: com as invejosas a dizerem mal umas das outras, também se aprende umas expressões bastante úteis para acompanhar um bom revirar de olhos. Muito mais importante do que aprender coisas a sério, right?

sábado, 7 de fevereiro de 2015

5 Coisas que nunca encontrei no típico supermercado francês

Um dos grandes desafios, ao ir viver para um país diferente, é ajustar a nossa típica lista de compras de supermercado de acordo com a oferta disponível. Na maioria dos casos, é possível encontrar os mesmos produtos ou algo que seja suficientemente semelhante, mas há, certamente, exceções.

E aqui ficam as cinco com que me tenho deparado e que me tiram, absolutamente, do sério:
  1. Packs de iogurtes líquidos - À exceção de escassas garrafas de 1 litro ou dos universais Actimel, encontrar iogurtes líquidos normais parece ser tarefa impossível;
  2. Queijo flamengo - No país das tábuas de queijos, algo tão comum para nós como o queijo flamengo é coisa que não existe. Já vasculhei as prateleiras do maior Carrefour que conheço e nada;
  3. Gelatinas em copo - A Dieta dos 31 Dias aqui não teria sucesso e, a julgar pela cara de ponto de interrogação da pessoa a quem perguntei, gelatinas já preparadas são a coisa mais exótica de sempre;
  4. Batatas fritas em palha - Esqueçam metade dos pratos deliciosos de bacalhau que conhecem, esta gente não sabe o que é bom;
  5. Charcutaria - Lá se foram as minhas "150 gramas de fiambre de frango em fatias fininhas": ao que parece, aqui a moda é comprar nacos de fiambre da grossura de bifes já embalados, e o espaço de charcutaria resume-se a uma ou várias filas de frigoríficos.
Da próxima vez que for a Portugal, em vez de levar uma mala vazia, levo uma geleira. Já dizia o outro: só se dá valor ao que se tem quando se perde!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

10 Considerações sobre a mudança de casa

É verdade: mudei de casa. Nove meses depois, excluí-me da lista de pessoas que moram em menos de 30 metros quadrados e que dormem na cozinha e cozinham no quarto. Fi-nal-men-te!

Posto isto, algumas considerações sobre a mudança:
  1. Os sacos azuis do Ikea são os meus melhores amigos e os caixotes para mudanças são tão last season;
  2. O meu primeiro contacto com uma vizinha consistiu no seguinte: expliquei-lhe que era portuguesa, respondeu-me perguntando num Espanhol péssimo se estava a fazer as limpezas do prédio;
  3. Ter luzes no teto dos quartos é uma coisa que, aparentemente, não assiste os franceses - continuo a fazer festas na parede, à procura de um interruptor que não existe;
  4. Não faço mais nada senão cozinhar e lavar roupa em casa - há que tirar a barriga da miséria;
  5. É possível chamar o J. e ele não me ouvir, porque está noutra divisão (awesome!!!);
  6. Se um dia a vida me pregar uma partida, dedico-me a montar móveis do Ikea como profissão - sou realmente boa nisso;
  7. Nunca mais cheguei atrasada ao trabalho;
  8. Estou a manter uma tradição - os antigos moradores desta casa eram portugueses;
  9. Descobri, já depois de ter assinado o contrato, que tenho vista para a Torre Eiffel (parcial, mas still);
  10. Sou oficialmente recenseada em França, o que me vai permitir ser contabilizada nos pacotes de açúcar que dizem "Bom Dia" aos emigrantes portugueses.
Resumidamente, é isto. Hei-de voltar com mais um capítulo, que inclua a chegada do sofá e a experiência de ver televisão dobrada em Francês. Lá chegaremos...


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Voltar


É demasiado fácil habituarmo-nos ao que sabe bem. Desabituar-nos, por outro lado, já é toda uma outra conversa.

Em menos de uma semana, voltei a assumir como normal passar os dias (ou as noites) rodeada de pessoas que adoro. Deixei de ir direta do trabalho para casa, como quase sempre acontece, para voltar a sentir aquele conforto do que nos é mais querido, do que, durante muito tempo, foi a minha noção de normalidade.

Numa rasteira ao destino (e à Geografia), voltámos a estar as quatro juntas, como nos bons (nos melhores!) velhos tempos. A nunca deixar de ter tema de conversa. A, mesmo sem querer, escrever mais um ou dois capítulos no nosso diário das figuras ridículas. A relembrar o incrível que é pessoas tão diferentes como nós se terem encontrado umas às outras e ficado, até hoje.

Esperei pela semana passada como espero por muito poucas coisas. Foi ainda melhor do que poderia prever. Foi perfeita, mesmo com o termómetro a marcar temperaturas muito pouco amigas de quem vem lá do retângulo à beira mar (e muito menos do Brasil!).

No final, que chegou demasiado depressa, invadiu-me um enorme sentimento de perda. Aquela amargura e nostalgia que só se sente em relação a momentos e pessoas realmente especiais.

Mas valeu a pena voltarmos. À exceção da nossa dispersão pelo mapa e do facto de as nossas "festas do pijama" já não envolverem terminar trabalhos de grupo para o dia seguinte, nada mudou. Somos as mesmas pessoas, individualmente e no nosso quarteto fantástico. E não há nada mais reconfortante do que isso, nem melhor forma de começar o ano!