quarta-feira, 30 de julho de 2014

O meu primeiro museu

A julgar pelo título, este texto podia muito bem pertencer à secção de brinquedos do Continente, mas não é esse o caso. Estou em Paris (bem, tecnicamente a viver em Versailles, mas pronto) há quatro meses e ainda não me tinha estreado nestas andanças dos museus.

Ora, para quem - como eu - está na flor da idade (leia-se "tem menos de 26 anos"), não aproveitar para visitar gratuitamente os inúmeros museus que esta bela cidade alberga é algo assim a atirar um bocado para o estúpido. E é por isso que ontem encetei oficialmente a temporada, começando pelo Musée d'Orsay.

Não vou dar aqui uma de Wikipédia, mas posso dizer que da Escultura à Pintura, passando pelas Artes Decorativas e mais uns pirlimpimpins, há muita coisa para se ver. Van Gogh, Rodin, Manet, Monet e Gauguin são alguns dos nomes que constam dos quadradinhos que acompanham as peças em exposição.

E eu, não sendo nem entendida nem, para ser honesta, particularmente interessada por estas áreas, tenho de confessar que estar perante algumas das poucas obras que conheço foi assim algo de muito especial. É claro que os chineses, de iPad em riste mesmo sem ser permitido tirar fotos, roubam um bocado da magia à coisa, mas pronto, não se pode ter tudo.

Algumas imagens das áreas em que, aparentemente, não era assim tão proibido tirar fotos:






Tortinhas que só elas, mas foi o que se arranjou meio à socapa.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Vinte e cinco metros quadrados


Viver em vinte e cinco metros quadrados é dormir na cozinha e cozinhar no quarto. É só ter duas janelas. É chamar cozinha a uma bancada de aço inoxidável com dois bicos de fogão e uma pia. É ter de escolher entre ter sofá e ter cama. É ter de ser super criativo para inventar soluções de arrumação. É ter de estender a roupa no meio da casa. É ir para o WC para falar no Skype, porque o namorado já está a dormir.
E é dizer que "vou arrumar a casa" e, meia hora depois, já estar despachada.

Uma questão de pontos de vista, portanto...

domingo, 27 de julho de 2014

Coisas que os franceses podiam aprender connosco #1

FAZER FILAS.

A sério, entrar no autocarro é praticamente uma luta pela sobrevivência. Vale tudo, menos arrancar olhos. Placagens, cotoveladas, encontrões... you name it.
Mal por mal, preferia os bitaites passivo-agressivos de Lisboa, se alguém ousasse tentar passar à frente. De preferência, ditos por velhinhas a caminho do supermercado às 8h30 da manhã.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Rehab

Esqueci-me do que é sentir stress ou pressão. Duas palavras que eliminei do meu vocabulário nos últimos meses (à exceção de quando faço algum relato de como era a minha vida antes de chegar aqui). Ou me calhou a sorte grande, ou os franceses - ao contrário de nós - não são nada dados a estas coisas.

A verdade é que, a certo ponto, deixamos de ter noção do que é viver sem o coração aos sobressaltos, ou a sensação de que engolimos uma (ou várias!) bolas de ténis, que ficaram entaladas pelo caminho. A sensação de nervoso miudinho passa a ser parte do nosso conceito de normalidade e aprendemos a conviver com ela.

As três semanas que antecederam a minha vinda para aqui - em que estive "tranquilamente" de férias - foram uma espécie de rehab. Acordava sobressaltada e desnorteada, até que percebia que não tinha nada de realmente importante para fazer, nem nenhum deadline super apertado para cumprir.

Quando cheguei, o desconhecido trouxe-me um tipo diferente de inquietação: Vou gostar do trabalho? Das pessoas? Da empresa? Vou ser capaz? Sentir-me bem? Ser feliz?

É difícil deixarmos algo que foi uma constante na nossa vida, nos últimos anos, completamente para trás. Agora, quatro meses depois, posso dizer que estou curada e que - quem diria?! - tudo tem outro sabor, quando vivido com a leveza de um dia-a-dia sem preocupações de maior.

E esta conclusão é, precisamente, o grande fator que faz com que nunca olhe para trás.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Queridas Meo, Vodafone, Continente, Depil Concept e outros que tais...

Larguem-me da mão!

Vim para a França. Pirei-me. Fui à minha vidinha, sim?
Agradeço a preocupação que têm tido de me informar sobre o desconto em cartão para todo o bacalhau, a possibilidade de ganhar bilhetes para o Meo Sudoeste, o preço especial para depilação na linha do biquini e isso tudo, mas epá, na' quero saber, desamparem-me a loja!

Obrigadinha.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Projeções

Passo a vida a ver caras conhecidas. A passar na rua, a entrar no autocarro, a pagar no supermercado. Às vezes são grandes amigos meus, outras familiares distantes ou conhecidos de um qualquer cenário onde parte da minha vida se desenrolou, em tempos.

O mais curioso disto tudo é que vejo-as aqui, a milhares de quilómetros de distância do local onde, na realidade, elas estão. Projeto nos transeuntes, nos turistas, nos vizinhos, as saudades que - de certa forma - tenho de ver rostos familiares, de dizer "olá", de perguntar pelas trivialidades da vida, de receber respostas mais ou menos vulgares.

Estar longe é, obviamente, difícil. Para mim, apenas nestes pequenos detalhes. A verdade é que sair faz com que se deixe muitas coisas para trás. Mais verdade ainda é que metade dessas coisas há muito não tinham valor.

E depois de todos os filtros, de peneirar tudo muito bem, fica apenas o que realmente importa. E o que realmente importa são as pessoas que - mesmo que não tenham estado sempre lá - nos fazem sentir bem, completos, em casa. É só disso que sinto saudades.

E da comida, vá!

sábado, 19 de julho de 2014

On y va!


Às vezes penso que estou a fazer isto tudo mal ou, dito de outra forma, que não estou a fazer o suficiente.

A reputação de Paris é bem fundamentada - é uma cidade linda, onde a caminho de um destino planeado tropeçamos em quatro ou cinco pequenas surpresas; onde estar perdido pode muito bem ser uma coisa boa; e onde, muitas vezes, é impossível não sentirmos que estamos num cenário de um filme (estou a falar de ti, Before Sunset).

A mim, mais do que tudo, Paris faz-me querer estar na rua, sentar-me na relva de pés descalços, debruçar-me sobre o rio Sena... Dá-me vontade de ver o sol a por-se e de ouvir música vinda de uma qualquer origem desconhecida.

E é por isso que, sem ter medo da falta de companhia, me vou deixar ir, deambular, perder-me por vezes, encontrar-me, e beber tudo o que esta cidade tem para mim.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sentido(s) de humor

Nunca na minha vida tive de dizer "I'm kidding" (ou derivados) tantas vezes. Maldita falta de universalidade de sentidos de humor! Não deveriam a ironia e o sarcasmo ser uma espécie de língua comum a todos os povos?

Cada vez que tenho de clarificar as minhas intenções, morro um bocadinho por dentro!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Alors... é +/- isto que se tem passado

Isto de vir para França sem falar francês tem muito que se lhe diga. É certo que, durante grande parte do meu dia, é Língua que não me faz falta nenhuma, mas convenhamos que saber dizer duas coisitas ou três dá um certo jeito.

Disse-me o teste diagnóstico que fiz no trabalho que o meu Francês é de nível Elementar - suficiente para já não poder ter aulas, e insuficiente ao ponto de não conseguir desenvolver uma conversa além do nível de cozedura da minha carne, num restaurante. Mas (lá dizia o Outro), isto é vivendo e aprendendo.

No processo, já coleciono algumas situações estúpidas caricatas, como:

  • Os dois meses que passei a esforçar-me para falar francês com o senhor do café da esquina, para depois perceber que ele é português;
  • As minhas duas tentativas falhadas de pedir os meus medicamentos na farmácia em francês, em que quis dizer «100» e, aparentemente, disse «mama», porque têm pronúncias ridiculamente semelhantes;
  • A vez que me dirigi à menina do McDonalds, e disse «Excusez-moi, can you give me a straw and some salt, s'il vos plaît?»;
  • A mão cheia de vezes que tentei, toda eu naturalidade e gourmet, fazer o meu pedido no Starbucks em francês, para o rapaz me responder sempre em inglês porque não fui minimamente convincente.

Mas pronto, é dar tempo ao tempo, inventar muitas palavras que mais não são do que português com sotaque francês, e rir-me das minhas desventuras... C'est la vie!

Dou-te três dias

Da coleção "Isto não dura nem uma semana", apresento-vos o "Excuse My French" - a edição afrancesada da velha blogger que há em mim. 
Sem grandes expectativas (nem minhas, nem vossas), porque já sei o que a casa gasta e, desconfio, é bem provável que isto seja sol de pouca dura.
De qualquer modo, vou-me dar o benefício da dúvida por uns dias, a ver se a coisa pega.

Agora, com licença, que vou comer um croissant!