terça-feira, 19 de agosto de 2014

Crème de la crème

Numa onda de solidariedade de emigrante, decidi ver se existia algum grupo no Facebook de portugueses a viver em Paris. Lucky me, havia e lá enviei o pedido para aderir.

E foi no dia em que recebi o "Sim" que a minha vida mudou para sempre. E para muito melhor, caso estejam na dúvida.

Ora, fait attention:

Portanto, a opção de ser uma fraude não passa pela cabeça, não é?

Três palavras: falta de chá.

Gostava de saber se há aqui alguém que saiba escrever Português.

Frangos assados? Isso, de facto, é formidable!

Claro que não, amiga! Emigrante que é emigrante não vai a Portugal no Verão, não leva uma imitação da camisola do Ronaldo vestida, nem exibe orgulhosamente o Mercedes com o terço pendurado no espelho. Boatos, tudo boatos!

E pensar que tive de ficar doente logo neste dia…! L

Good for you! Mas leva na mesma o parapluie, que isto o tempo em Paris nunca se sabe!

Eh malucaaa!

Um escândalo! Uma pouca-vergonha!

Imagino isto lido com voz de GPS e parto-me a rir.

Mi chama qui eu vô!

Maravilhoso, não é? De nada, meus queridos!

domingo, 17 de agosto de 2014

Sobre o Louvre

Há duas semanas, levantei-me com as galinhas, tomei um pequeno-almoço reforçado, calcei os meus ténis mais confortáveis e, cheia de coragem, parti para o Museu do Louvre.

Armada em esperta, decidi dar numa de contempladora e, com toda a calma do mundo, passear-me pelo jardim das Tuileries, que ficava em caminho. Conclusão? Quando cheguei, efetivamente, ao Louvre, acho que tive de andar uns dez quilómetros para encontrar o fim da fila.

Uma hora e meia depois, lá entrei na emblemática pirâmide, prontinha para começar a minha visita de estudo. Rota dos Museus, Parte 2 - aqui vou eu!


Long story short, que isto o pessoal tem mais que fazer, aquela merda coisa é gigante! Perdi-me mil vezes a tentar encontrar a Mona Lisa (só para fins estatísticos) e mais umas quinhentas para encontrar a saída.

Se vale a pena? Claro, afinal estamos a falar do Louvre. Se é fácil ver tudo? Credo! Aquilo só mesmo em fascículos, estilo Planeta de Agostini.

Desta vez, dei assim uma vista de olhos geral e dediquei-me aos apartamentos de Napoleão III, sem dúvida a minha parte favorita. Também vi muitos Jesus na cruz e outras cenas religiosas mas, depois uns doze anos a ir à missa, não é que isso seja assim alta novidade...!

Para aqueles jantares só com os amigos mais chegados

É a loucura para tirar a foto da praxe com a fofa e minúscula Mona Lisa (diz que é famosa, oh lá lá!)

E maneiras que é isto: mais um certinho na bucket list e a curiosa conclusão que no duelo Orsay vs. Louvre, o singelo Orsay deu 15-0.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Deserto da Sara

Entramos em agosto (inserir música do nosso querido Quim) e é ver os papelinhos multiplicarem-se pelas portas de tudo quanto é restaurante. "Engraçado" - penso eu - "é como na minha Tugolândia". Não será, com certeza, nada de novo a típica quinzena de agosto em que vai tudo para o Algarve. Aqui, não faço ideia para onde vão, mas também se somem completamente.

Vai daí, os dias passam, o nariz bate na porta dia sim dia sim, e é ver lojas, farmácias e tudi-tudo juntarem-se à festa. Três semanas de férias, um mês assim na loucura, e subitamente a minha rua virou rua fantasma, cheia de montras vazias e vitrines cobertas de papel de cenário.

Já tinha percebido que os meus queridos franceses não são assim tão dados ao trabalho quanto isso, mas pronto, a minha tiróide continua a precisar dos seus comprimidos e a minha barriga já tem saudades de um belo faux filet...

Voltem, amiguinhos, estão perdoados!


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Tenho mesmo de aprender a falar francês #2

Há uma semana que passo por um papel que deixaram na porta lá de baixo. Tem ares de aviso e parece estar relacionado com o abastecimento de água. Deve ser do género dos que me deixavam lá em Benfica, a avisar que vinham fazer a leitura dos contadores em determinada data.

(Inserir som de programa de televisão) ERRADO. Estou sem água em casa praticamente desde que me levantei e, como ignorava o verdadeiro conteúdo do aviso, não tomei qualquer tipo de providência. Nem uma garrafinha das pequenas eu tenho, nadica de nada, rien de rien!

Acho que hoje troco o #dayoff pelo #fuckoff...

domingo, 10 de agosto de 2014

Nhééé

Esperava mais das parisienses. Mais lábios naturalmente vermelhos, mais vestidos casualmente deslumbrantes, mais saltos vertiginosamente altos, mais cabelos descontraidamente perfeitos. No fundo, esperava ver materializar-se aquela imagem glamourizada pelos media, retratada em filmes e tão esclarecida no meu imaginário.

Mas não. Nada disso. Ou tenho falhado redondamente na escolha dos locais por onde passo ou - de um modo geral - os lábios não têm cor, os vestidos não saem dos armários, os saltos altos são trocados por sabrinas básicas (pior calçado alguma vez inventado, IMHO) e os cabelos são normaizinhos, vá.

Nem dá para uma pessoa se sentir constantemente cigana e maltrapilha, como nos bons velhos tempos de Lisboa. Ou para olhar à volta e chamar nomes mentais a todas as miúdas giras que passam e nos arruínam o dia e a auto-estima. Até isto me tiram, senhores, até isto!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

#tbt

Hoje deu-me para a deprê. Bateram-me as saudades. Forte e feio.

Não sei se foi da chuva e do céu cinzento, ou de me andar a alimentar à base de cajus, mas dei por mim a pensar em todas as cervejas, karaokes, esplanadas, caracóis e afins que estou a perder. A pensar em todas as conversas em que não participo, todas as novidades sumarentas que não sei, todos os pontos que não somo à minha candidatura a uma vaga no inferno.

É claro que todos os dias tenho saudades e sonho com um mundo em que é possível ter tudo. Hoje foi, talvez, o dia em que interiorizei que esse mundo não existe.

Depois, ao final do dia, fui buscar jantar ao McDonalds e senti-me logo muito melhor.

domingo, 3 de agosto de 2014

Tenho mesmo de aprender a falar francês #1

Há pouco, os meus vizinhos estavam a ter uma discussão que parecia bastante sumarenta. E eu, mais do que nunca e desejosa por conhecer pormenores sórdidos da vida alheia, dei por mim a querer saber francês para conseguir perceber o que gritavam e ripostavam um para o outro. Nunca vi razão mais válida!

sábado, 2 de agosto de 2014

Chegou o dia

Disse para a minha colega: "Temos de pedir para falar com a cozinheira lá da Brasserie [que, aparentemente, é portuguesa], e pedir-lhe para fazer um bacalhauzinho um dia destes".

Vamos almoçar. Prato do dia: Bacalhau no forno com puré de batata.

Devo andar a portar-me muito bem, eu.