domingo, 28 de dezembro de 2014

É aquela altura do ano

Prevendo a falta de tempo dos próximos dias, com as visitas mais aguardadas do ano (!!!), antecipo-me neste post. Ainda que pouco original, gosto sempre de fazer este exercício de balanço do ano que termina/objetivos para o que vai começar.

2014 foi o ano em que:
- Perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida - o meu avô;
- Perdi a motivação e o sentido de foco e clareza de objetivos;
- Decidi levar à letra o "se estás mal, muda-te!";
- Despedi-me do emprego que sempre quis ter;
- Mudei-me para Paris (tecnicamente, Versailles, mas pronto);
- Conheci uma realidade laboral em que a palavra "Crise" não é rainha e senhora de tudo e todos;
- Visitei Londres e Bruxelas;
- Conheci pessoas de todo o mundo;
- Fui a três casamentos;
- Decidi que o queijo brie é, definitivamente, o meu favorito (este é o ponto mais importante da lista).

Um início doloroso, mas, no geral, um ano bastante positivo. 2014 foi, sem dúvida, um dos anos mais marcantes da minha vida.

Em 2015 quero:
- Falar menos;
- Pensar menos;
- Comer menos;
- Viajar mais;
- Fazer mais;
- Viver mais.

Ah! E melhorar o meu Francês.
Tipo:
Bonne Année, mes amis!

sábado, 20 de dezembro de 2014

Vou virar DJ

Na festa de Natal da empresa, já perto do final da noite...

Eu: Tem alguma música brasileira?
DJ: Então, tenho este reggaeton que estou a passar agora!

Pois, então, está a haver aqui uma grave falha ao nível da cultura/alinhamento musical. Primeiro, lá porque fica tudo para os lados da América Latina, não quer dizer que seja tudo farinha do mesmo saco. Depois, festa que é festa precisa de um Gabriel Valim, ou de um Gusttavo Lima... Música a sério, estão a ver?

Para o ano, voluntario-me como DJ. Sinto que este país precisa de alguém com um gosto musical refinado como o meu.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Inserir imagem tipo "December, be nice to me"

Quem me conhece bem sabe que passo a vida a fazer planos (quem não me conhece... Prazer, sou a Sara). Sou insatisfeita - não confundir com ingrata - por natureza, e preciso sempre de sentir que estou a andar para a frente. Dito de outra forma, preciso de saber que tenho sempre algo por que esperar, por muito pequeno ou simples que seja.

Depois de um novembro insonso, ainda no rescaldo da tão aguardada ida a casa, dezembro começou a desenhar-se promissor. E tem sido.

Uma visita de uma amiga, com um lanche ou café já alinhavados, transformou-se num fim de semana de turismo intenso. De frio intenso também, mas, quando se está em boa companhia, há detalhes que passam imediatamente para segundo plano. Houve direito a subir pela terceira vez à Torre Eiffel, à estreia no topo do Arco do Triunfo (à beira de uma apoplexia, com tanto degrau) e, entre muitas coisas, a um mega shopping spree pelas lojinhas de souvenirs e não só de Montmartre. Um excelente pontapé de saída, diria eu.

Este fim de semana, uma escapadela de última hora a Bruxelas. Um casamento serviu de pretexto (e que ótimo pretexto!) para três dias espetaculares, por terras do menino que faz xixi em público. Bastante turismo, sim, mas acima de tudo, muita boa comida e bebida, e muita gente simpática. Mais um certinho no mapa, e um empurrão para o resto do mês.

E, como se já não me sentisse suficientemente sortuda (eu bem quis deixar claro que não sou ingrata), este mês ainda me reserva uma ida a casa e uma visita de três dos grandes amores da minha vida, para terminar o ano em beleza. Como não podia deixar de ser, o Natal será passado ao calor da lareira, de casa e mesa cheias. Serão cinco dias no inverno tropical de Portugal (sim, isso aí é peanuts para quem anda nestas andanças) e um regresso para receber, de braços escancarados, a minha Verdocas Crew.

Planos para a passagem de ano? Aproveitar ao máximo a presença destas três pessoas que são personagens na grande maioria das minhas melhores memórias dos últimos anos. Haja comida, bebida e voz que se aguente (e uma ida à Disney, vá), e a gente não precisa de muito mais!

E é assim, uma espécie de relatório para a meia dúzia de pessoas que sei que gostam de "me" ler. A falta de assiduidade dá nisto, mas lá por tardar não quer dizer que falhe.

Tudo muito bem posto em perspetiva, a cachopa anda feliz da vida por estes lados!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dos pormenores deliciosos

Embora ainda falte uma pequena eternidade para a (tão aguardada) mudança de casa, o meu mindset já está completamente focado nesse tópico. A somar ao vício insaciável de ver anúncios online, tenho agora a acontecer, inadvertidamente, uma listagem das coisas de que vou sentir falta quando sair de Versailles.

Número 1 da dita lista:
Passar na boulangerie, ao final do dia, a caminho de casa. Não haver baguetes, mas faltarem cinco minutos para sair uma nova fornada. Oferecerem bolinhos à pequena multidão, que entretanto se acumula, como forma simbólica de compensação. Sair satisfeita, a queimar as mãos e a deliciar-me com o cheiro de pão acabadinho de fazer.

Os pequenos (mas maravilhosos) prazeres da vida fora dos grandes centros urbanos...

sábado, 22 de novembro de 2014

Mudar de Casa

Ainda sou do tempo (e do espaço) em que se ia ao Sapo Casas e outros que tal, gostava-se de uma casa, contactava-se o dono, visitava-se e puff: 'bora mudar! Aqui a história é outra: demora tempo, dá trabalho, é chato.

Precisam de todos os papéis e mais alguns, precisam de comprovativos e certificados e cenas. Não me espantaria se me pedissem o número do sapato e o meu registo criminal!

No país da burocracia, mudar de casa é processo para demorar meses. Somos avaliados, escrutinados e recebemos "Nãos". Não ser francesa não ajuda; não falar francês torna tudo muito mais difícil.

A saga ainda agora começou e eu, mesmo sabendo que, para já, não me adianta de nada, estou viciada em ver anúncios. Cada casa que gosto é decorada mentalmente em menos que nada. Faço planos, imagino, crio álbuns de inspiração no Pinterest...

Em três meses, espero estar a escrever rodeada por outras paredes e com uma vista diferente da minha janela. Desejem-me sorte... e paciência!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Seis fuckin' meses

22 de abril de 2014.

Há exatamente seis meses atrás, enchi-me de receios e inseguranças e parti para o meu primeiro dia de trabalho aqui. Duvidei se sabia mesmo falar inglês, questionei-me se a minha escolha de outfit era adequada para uma empresa como esta mas, acima de tudo, tive muito medo do que iria encontrar, de quem iria encontrar.

Mas, como diz a minha mãe, o tempo passa que é um rápido, e cá estou eu, 183 dias depois, a escrever este texto. Cá estou eu super feliz no sítio que me abriu a porta para uma fase completamente nova, com contornos totalmente diferentes. Cá estou eu a começar a sentir que posso pertencer, mesmo se é difícil parar de procurar as "nossas" pessoas em todas as outras com que nos vamos cruzando.

O tempo é um sacana complicado, por vezes demasiado imprevisível e poderoso para o meu gosto. Mas, vai na volta, dás por ti a olhar para onde estás e para de onde vieste e tens de admitir que fez um bom trabalho!

domingo, 19 de outubro de 2014

Paris trocado por graus

Não vos vou mentir: beber em Paris sai caro (ou nos arredores, anyway). É por isso que - mal por mal -, mais vale abrir os cordões à bolsa e optar por uma quantidade (ou qualidade!) decente. Trocado por miúdos, mais vale investir no estado "quem me dera que a minha gargalhada fosse menos estridente, mas não consigo e nem sei se, na realidade, me importo mesmo!".

Olhando à volta, se tudo correr bem, é ver os copos a esvaziarem-se e a fazerem a sua parte, as bochechas a corar e os filtros a deixarem de ter lugar... Afinal, estamos em Paris, terra de bons vivants e de bons vinhos, acompanhados pela tábua de queijos e enchidos que ajuda a equilibrar (tornar bem mais interessante!) a equação.

Se tenho saudades da imperial a 1€? Claro que sim. Mas, por outro lado, são estilos e vivências completamente diferentes, são realidades incomparáveis e - sejamos realistas - o contexto importa muito e mais vale deixarmo-nos absorver, rendermo-nos e fazermos, à nossa maneira, parte.

Começo a sentir as raízes a firmarem-se na terra... e gosto disso!

sábado, 11 de outubro de 2014

Esqueci-me que tinha um blogue!

Esqueci mesmo!

Talvez por andar demasiado ocupada a pagar €8,50 por uma imperial ou a curtir o facto de ser praticamente impossível voltar para casa a partir da uma da manhã. Na verdade - e pensando nisso um bocadinho mais a sério -, esqueci-me que tenho um blogue porque, de certa forma, andei ocupada a viver aquilo que é o meu conceito de vida normal.

Primeiro, foi o ir a Londres e relembrar-me do bom que é sentar-me a uma mesa cheia a falar de trivialidades. Do bem que sabe deitar-me no sofá a ver programas duvidosos na televisão, até adormercer. Do bom que é ter a companhia do meu irmão e - mais ainda - da sorte que tive com os dois que me calharam em rifa.

Depois, foi o receber a visita do meu outro irmão e da minha cunhadinha, no final de setembro, em quatro dias que me valeram pelos 6 meses que aqui estou. O poder mostrar aquilo que é "a minha nova vida" a duas das pessoas que mais adoro neste mundo. O levá-los a ver Paris lá do alto, a picnicar à noite, a passear a baguete como se fosse uma extensão de nós próprios.

Logo de seguida, outra visita, desta vez de uma daquelas amigas que te podem fazer esquecer que estás num país que não é o teu, de tal forma te faz voltar a sentir em casa. Mais dois dias espetaculares, cheios de conversas a atropelarem-se umas às outras, de tanto que havia para contar. Mais dois dias com muitos quilómetros nas pernas, por vezes sem destino certo, porque o tempo quase tinha parado e, por vezes, esses detalhes deixam de importar.

Agora, conto os dias para 24 de outubro, o dia em que a Tap me vai levar verdadeiramente a casa e que, com todos estes reminders que tenho tido a sorte de ter, por vezes, parecem custar demasiado a passar.

E é isto, mes amis, bué-de-cenas-ácontecer!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Coisas que os franceses podiam aprender connosco #2

PARAR NAS PASSADEIRAS.

Todos os dias a mesma coisa: ou arrisco constantemente a minha vida, ou chego atrasada a todo o lado. É como jogar aquele jogo da ovelha a atravessar a estrada, mas só com uma vida.

Com tantos sprints que dou diariamente, não sei como é que ainda não perdi dez quilos!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Paris x Londres


Long time, no see... O resultado de dias mais preenchidos do que de costume e de umas mini-férias com direito a uma escapadela.

Se me perguntassem, até há bem pouco tempo, que capital europeia escolheria para viver, provavelmente teriam Londres como resposta. Não porque já conhecesse, não pela facilidade de um destino onde se fala inglês, mas porque - sem ter sequer dados para isso - sempre tive um soft spot para esta cidade. Paris, por outro lado, estaria sempre no extremo oposto da lista: nunca fez parte dos meus destinos de eleição, nem sequer para umas férias.

Ironicamente, acabei por vir parar à capital dos croissants. Para minha surpresa, rapidamente dei por mim a gostar Paris. Com toda a sua grandiosidade mas, acima de tudo, com todos os seus pequenos detalhes, rendi-me e decidi que, de facto, parte do meu futuro pode mesmo passar por aqui.

E foi assim que, ao chegar a Londres, acabei por não sentir aquele flash de "OMG! Estou mesmo aqui e isto é lindo!". Foi assim que, de repente, tudo me pareceu demasiado normal e pequeno. Porque quem vem da ostentação de Paris, subitamente, dá por si a comparar e a não se deixar impressionar tão facilmente.

Foram precisos três dias para começar a olhar para Londres com outros olhos, para esquecer comparações e expetativas e, simplesmente, viver um bocadinho daquela cidade, no pouco tempo que tinha. E aí as coisas mudaram de perspetiva: pude, finalmente, deliciar-me com os cheiros maravilhosos de comidas de todas as origens, onde quer que passasse; apreciar as coffee shops com aquela vibe industrial e cheias de pessoas bonitas e bem vestidas, com o seu encantador british accent; e perder-me por ruas, feiras e mercados, de sorriso parvo na cara, a refletir todas as pequenas surpresas que ia encontrando pelo caminho.

Talvez, neste momento, a minha resposta à pergunta já não fosse a mesma. Mas o que é certo é que o Londres não tem de sumptuosidade, tem de genuinidade e vivacidade, e, por vezes, não me importava de trocar um bocadinho de uma por um bocadinho das outras.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Crème de la crème

Numa onda de solidariedade de emigrante, decidi ver se existia algum grupo no Facebook de portugueses a viver em Paris. Lucky me, havia e lá enviei o pedido para aderir.

E foi no dia em que recebi o "Sim" que a minha vida mudou para sempre. E para muito melhor, caso estejam na dúvida.

Ora, fait attention:

Portanto, a opção de ser uma fraude não passa pela cabeça, não é?

Três palavras: falta de chá.

Gostava de saber se há aqui alguém que saiba escrever Português.

Frangos assados? Isso, de facto, é formidable!

Claro que não, amiga! Emigrante que é emigrante não vai a Portugal no Verão, não leva uma imitação da camisola do Ronaldo vestida, nem exibe orgulhosamente o Mercedes com o terço pendurado no espelho. Boatos, tudo boatos!

E pensar que tive de ficar doente logo neste dia…! L

Good for you! Mas leva na mesma o parapluie, que isto o tempo em Paris nunca se sabe!

Eh malucaaa!

Um escândalo! Uma pouca-vergonha!

Imagino isto lido com voz de GPS e parto-me a rir.

Mi chama qui eu vô!

Maravilhoso, não é? De nada, meus queridos!

domingo, 17 de agosto de 2014

Sobre o Louvre

Há duas semanas, levantei-me com as galinhas, tomei um pequeno-almoço reforçado, calcei os meus ténis mais confortáveis e, cheia de coragem, parti para o Museu do Louvre.

Armada em esperta, decidi dar numa de contempladora e, com toda a calma do mundo, passear-me pelo jardim das Tuileries, que ficava em caminho. Conclusão? Quando cheguei, efetivamente, ao Louvre, acho que tive de andar uns dez quilómetros para encontrar o fim da fila.

Uma hora e meia depois, lá entrei na emblemática pirâmide, prontinha para começar a minha visita de estudo. Rota dos Museus, Parte 2 - aqui vou eu!


Long story short, que isto o pessoal tem mais que fazer, aquela merda coisa é gigante! Perdi-me mil vezes a tentar encontrar a Mona Lisa (só para fins estatísticos) e mais umas quinhentas para encontrar a saída.

Se vale a pena? Claro, afinal estamos a falar do Louvre. Se é fácil ver tudo? Credo! Aquilo só mesmo em fascículos, estilo Planeta de Agostini.

Desta vez, dei assim uma vista de olhos geral e dediquei-me aos apartamentos de Napoleão III, sem dúvida a minha parte favorita. Também vi muitos Jesus na cruz e outras cenas religiosas mas, depois uns doze anos a ir à missa, não é que isso seja assim alta novidade...!

Para aqueles jantares só com os amigos mais chegados

É a loucura para tirar a foto da praxe com a fofa e minúscula Mona Lisa (diz que é famosa, oh lá lá!)

E maneiras que é isto: mais um certinho na bucket list e a curiosa conclusão que no duelo Orsay vs. Louvre, o singelo Orsay deu 15-0.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Deserto da Sara

Entramos em agosto (inserir música do nosso querido Quim) e é ver os papelinhos multiplicarem-se pelas portas de tudo quanto é restaurante. "Engraçado" - penso eu - "é como na minha Tugolândia". Não será, com certeza, nada de novo a típica quinzena de agosto em que vai tudo para o Algarve. Aqui, não faço ideia para onde vão, mas também se somem completamente.

Vai daí, os dias passam, o nariz bate na porta dia sim dia sim, e é ver lojas, farmácias e tudi-tudo juntarem-se à festa. Três semanas de férias, um mês assim na loucura, e subitamente a minha rua virou rua fantasma, cheia de montras vazias e vitrines cobertas de papel de cenário.

Já tinha percebido que os meus queridos franceses não são assim tão dados ao trabalho quanto isso, mas pronto, a minha tiróide continua a precisar dos seus comprimidos e a minha barriga já tem saudades de um belo faux filet...

Voltem, amiguinhos, estão perdoados!


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Tenho mesmo de aprender a falar francês #2

Há uma semana que passo por um papel que deixaram na porta lá de baixo. Tem ares de aviso e parece estar relacionado com o abastecimento de água. Deve ser do género dos que me deixavam lá em Benfica, a avisar que vinham fazer a leitura dos contadores em determinada data.

(Inserir som de programa de televisão) ERRADO. Estou sem água em casa praticamente desde que me levantei e, como ignorava o verdadeiro conteúdo do aviso, não tomei qualquer tipo de providência. Nem uma garrafinha das pequenas eu tenho, nadica de nada, rien de rien!

Acho que hoje troco o #dayoff pelo #fuckoff...

domingo, 10 de agosto de 2014

Nhééé

Esperava mais das parisienses. Mais lábios naturalmente vermelhos, mais vestidos casualmente deslumbrantes, mais saltos vertiginosamente altos, mais cabelos descontraidamente perfeitos. No fundo, esperava ver materializar-se aquela imagem glamourizada pelos media, retratada em filmes e tão esclarecida no meu imaginário.

Mas não. Nada disso. Ou tenho falhado redondamente na escolha dos locais por onde passo ou - de um modo geral - os lábios não têm cor, os vestidos não saem dos armários, os saltos altos são trocados por sabrinas básicas (pior calçado alguma vez inventado, IMHO) e os cabelos são normaizinhos, vá.

Nem dá para uma pessoa se sentir constantemente cigana e maltrapilha, como nos bons velhos tempos de Lisboa. Ou para olhar à volta e chamar nomes mentais a todas as miúdas giras que passam e nos arruínam o dia e a auto-estima. Até isto me tiram, senhores, até isto!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

#tbt

Hoje deu-me para a deprê. Bateram-me as saudades. Forte e feio.

Não sei se foi da chuva e do céu cinzento, ou de me andar a alimentar à base de cajus, mas dei por mim a pensar em todas as cervejas, karaokes, esplanadas, caracóis e afins que estou a perder. A pensar em todas as conversas em que não participo, todas as novidades sumarentas que não sei, todos os pontos que não somo à minha candidatura a uma vaga no inferno.

É claro que todos os dias tenho saudades e sonho com um mundo em que é possível ter tudo. Hoje foi, talvez, o dia em que interiorizei que esse mundo não existe.

Depois, ao final do dia, fui buscar jantar ao McDonalds e senti-me logo muito melhor.

domingo, 3 de agosto de 2014

Tenho mesmo de aprender a falar francês #1

Há pouco, os meus vizinhos estavam a ter uma discussão que parecia bastante sumarenta. E eu, mais do que nunca e desejosa por conhecer pormenores sórdidos da vida alheia, dei por mim a querer saber francês para conseguir perceber o que gritavam e ripostavam um para o outro. Nunca vi razão mais válida!

sábado, 2 de agosto de 2014

Chegou o dia

Disse para a minha colega: "Temos de pedir para falar com a cozinheira lá da Brasserie [que, aparentemente, é portuguesa], e pedir-lhe para fazer um bacalhauzinho um dia destes".

Vamos almoçar. Prato do dia: Bacalhau no forno com puré de batata.

Devo andar a portar-me muito bem, eu.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O meu primeiro museu

A julgar pelo título, este texto podia muito bem pertencer à secção de brinquedos do Continente, mas não é esse o caso. Estou em Paris (bem, tecnicamente a viver em Versailles, mas pronto) há quatro meses e ainda não me tinha estreado nestas andanças dos museus.

Ora, para quem - como eu - está na flor da idade (leia-se "tem menos de 26 anos"), não aproveitar para visitar gratuitamente os inúmeros museus que esta bela cidade alberga é algo assim a atirar um bocado para o estúpido. E é por isso que ontem encetei oficialmente a temporada, começando pelo Musée d'Orsay.

Não vou dar aqui uma de Wikipédia, mas posso dizer que da Escultura à Pintura, passando pelas Artes Decorativas e mais uns pirlimpimpins, há muita coisa para se ver. Van Gogh, Rodin, Manet, Monet e Gauguin são alguns dos nomes que constam dos quadradinhos que acompanham as peças em exposição.

E eu, não sendo nem entendida nem, para ser honesta, particularmente interessada por estas áreas, tenho de confessar que estar perante algumas das poucas obras que conheço foi assim algo de muito especial. É claro que os chineses, de iPad em riste mesmo sem ser permitido tirar fotos, roubam um bocado da magia à coisa, mas pronto, não se pode ter tudo.

Algumas imagens das áreas em que, aparentemente, não era assim tão proibido tirar fotos:






Tortinhas que só elas, mas foi o que se arranjou meio à socapa.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Vinte e cinco metros quadrados


Viver em vinte e cinco metros quadrados é dormir na cozinha e cozinhar no quarto. É só ter duas janelas. É chamar cozinha a uma bancada de aço inoxidável com dois bicos de fogão e uma pia. É ter de escolher entre ter sofá e ter cama. É ter de ser super criativo para inventar soluções de arrumação. É ter de estender a roupa no meio da casa. É ir para o WC para falar no Skype, porque o namorado já está a dormir.
E é dizer que "vou arrumar a casa" e, meia hora depois, já estar despachada.

Uma questão de pontos de vista, portanto...

domingo, 27 de julho de 2014

Coisas que os franceses podiam aprender connosco #1

FAZER FILAS.

A sério, entrar no autocarro é praticamente uma luta pela sobrevivência. Vale tudo, menos arrancar olhos. Placagens, cotoveladas, encontrões... you name it.
Mal por mal, preferia os bitaites passivo-agressivos de Lisboa, se alguém ousasse tentar passar à frente. De preferência, ditos por velhinhas a caminho do supermercado às 8h30 da manhã.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Rehab

Esqueci-me do que é sentir stress ou pressão. Duas palavras que eliminei do meu vocabulário nos últimos meses (à exceção de quando faço algum relato de como era a minha vida antes de chegar aqui). Ou me calhou a sorte grande, ou os franceses - ao contrário de nós - não são nada dados a estas coisas.

A verdade é que, a certo ponto, deixamos de ter noção do que é viver sem o coração aos sobressaltos, ou a sensação de que engolimos uma (ou várias!) bolas de ténis, que ficaram entaladas pelo caminho. A sensação de nervoso miudinho passa a ser parte do nosso conceito de normalidade e aprendemos a conviver com ela.

As três semanas que antecederam a minha vinda para aqui - em que estive "tranquilamente" de férias - foram uma espécie de rehab. Acordava sobressaltada e desnorteada, até que percebia que não tinha nada de realmente importante para fazer, nem nenhum deadline super apertado para cumprir.

Quando cheguei, o desconhecido trouxe-me um tipo diferente de inquietação: Vou gostar do trabalho? Das pessoas? Da empresa? Vou ser capaz? Sentir-me bem? Ser feliz?

É difícil deixarmos algo que foi uma constante na nossa vida, nos últimos anos, completamente para trás. Agora, quatro meses depois, posso dizer que estou curada e que - quem diria?! - tudo tem outro sabor, quando vivido com a leveza de um dia-a-dia sem preocupações de maior.

E esta conclusão é, precisamente, o grande fator que faz com que nunca olhe para trás.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Queridas Meo, Vodafone, Continente, Depil Concept e outros que tais...

Larguem-me da mão!

Vim para a França. Pirei-me. Fui à minha vidinha, sim?
Agradeço a preocupação que têm tido de me informar sobre o desconto em cartão para todo o bacalhau, a possibilidade de ganhar bilhetes para o Meo Sudoeste, o preço especial para depilação na linha do biquini e isso tudo, mas epá, na' quero saber, desamparem-me a loja!

Obrigadinha.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Projeções

Passo a vida a ver caras conhecidas. A passar na rua, a entrar no autocarro, a pagar no supermercado. Às vezes são grandes amigos meus, outras familiares distantes ou conhecidos de um qualquer cenário onde parte da minha vida se desenrolou, em tempos.

O mais curioso disto tudo é que vejo-as aqui, a milhares de quilómetros de distância do local onde, na realidade, elas estão. Projeto nos transeuntes, nos turistas, nos vizinhos, as saudades que - de certa forma - tenho de ver rostos familiares, de dizer "olá", de perguntar pelas trivialidades da vida, de receber respostas mais ou menos vulgares.

Estar longe é, obviamente, difícil. Para mim, apenas nestes pequenos detalhes. A verdade é que sair faz com que se deixe muitas coisas para trás. Mais verdade ainda é que metade dessas coisas há muito não tinham valor.

E depois de todos os filtros, de peneirar tudo muito bem, fica apenas o que realmente importa. E o que realmente importa são as pessoas que - mesmo que não tenham estado sempre lá - nos fazem sentir bem, completos, em casa. É só disso que sinto saudades.

E da comida, vá!

sábado, 19 de julho de 2014

On y va!


Às vezes penso que estou a fazer isto tudo mal ou, dito de outra forma, que não estou a fazer o suficiente.

A reputação de Paris é bem fundamentada - é uma cidade linda, onde a caminho de um destino planeado tropeçamos em quatro ou cinco pequenas surpresas; onde estar perdido pode muito bem ser uma coisa boa; e onde, muitas vezes, é impossível não sentirmos que estamos num cenário de um filme (estou a falar de ti, Before Sunset).

A mim, mais do que tudo, Paris faz-me querer estar na rua, sentar-me na relva de pés descalços, debruçar-me sobre o rio Sena... Dá-me vontade de ver o sol a por-se e de ouvir música vinda de uma qualquer origem desconhecida.

E é por isso que, sem ter medo da falta de companhia, me vou deixar ir, deambular, perder-me por vezes, encontrar-me, e beber tudo o que esta cidade tem para mim.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sentido(s) de humor

Nunca na minha vida tive de dizer "I'm kidding" (ou derivados) tantas vezes. Maldita falta de universalidade de sentidos de humor! Não deveriam a ironia e o sarcasmo ser uma espécie de língua comum a todos os povos?

Cada vez que tenho de clarificar as minhas intenções, morro um bocadinho por dentro!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Alors... é +/- isto que se tem passado

Isto de vir para França sem falar francês tem muito que se lhe diga. É certo que, durante grande parte do meu dia, é Língua que não me faz falta nenhuma, mas convenhamos que saber dizer duas coisitas ou três dá um certo jeito.

Disse-me o teste diagnóstico que fiz no trabalho que o meu Francês é de nível Elementar - suficiente para já não poder ter aulas, e insuficiente ao ponto de não conseguir desenvolver uma conversa além do nível de cozedura da minha carne, num restaurante. Mas (lá dizia o Outro), isto é vivendo e aprendendo.

No processo, já coleciono algumas situações estúpidas caricatas, como:

  • Os dois meses que passei a esforçar-me para falar francês com o senhor do café da esquina, para depois perceber que ele é português;
  • As minhas duas tentativas falhadas de pedir os meus medicamentos na farmácia em francês, em que quis dizer «100» e, aparentemente, disse «mama», porque têm pronúncias ridiculamente semelhantes;
  • A vez que me dirigi à menina do McDonalds, e disse «Excusez-moi, can you give me a straw and some salt, s'il vos plaît?»;
  • A mão cheia de vezes que tentei, toda eu naturalidade e gourmet, fazer o meu pedido no Starbucks em francês, para o rapaz me responder sempre em inglês porque não fui minimamente convincente.

Mas pronto, é dar tempo ao tempo, inventar muitas palavras que mais não são do que português com sotaque francês, e rir-me das minhas desventuras... C'est la vie!

Dou-te três dias

Da coleção "Isto não dura nem uma semana", apresento-vos o "Excuse My French" - a edição afrancesada da velha blogger que há em mim. 
Sem grandes expectativas (nem minhas, nem vossas), porque já sei o que a casa gasta e, desconfio, é bem provável que isto seja sol de pouca dura.
De qualquer modo, vou-me dar o benefício da dúvida por uns dias, a ver se a coisa pega.

Agora, com licença, que vou comer um croissant!